Há 20 anos, o Brasil perdia Betinho, um símbolo da luta contra a fome. Para lembrar a data, a Ação da Cidadania fez neste sábado (12) mais uma campanha para recolher alimentos. Desta vez, o destino são os servidores do Estado do Rio, que continuam com os salários atrasados
Os pratos vazios sobre a mesa lembram que o problema continua atual. Para o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, não existia violência maior. A Ação da Cidadania, organização criada por ele, voltou a mobilizar a população para recolher alimentos. Além das doações, o dia teve arte e música.
Nos anos 90, Betinho promoveu uma campanha para levar comida a milhões de brasileiros que passavam fome. Agora as cestas básicas são para servidores públicos do Estado do Rio que têm o salário atrasado. O contexto é bem diferente, mas a solidariedade é a mesma.
“É a mesma solidariedade que o Betinho levantava. É a mesma solidariedade que nos move a encontrar esse caminho que hoje estamos aqui, reunindo essas cestas”, diz Maria Nakano, viúva de Betinho.
Já foram recolhidas quase 30 toneladas.
“O salário, parece, vem pingando R$ 200, R$ 300, R$ 500. Você não paga uma conta, você não alimenta o seu filho. Você não compra o seu remédio. Você perde a sua dignidade. Você perde a sua força”, diz o servidor público Cléber Barros da Silva.
O filho do Betinho, que hoje está à frente da Ação da Cidadania, diz que a crise não deixou apenas os servidores numa situação de risco.
“A crise, na verdade, pega a população de baixa renda como um todo. Então daí a necessidade de a gente não só chamar a atenção, mas principalmente cobrar, cobrar do governo que a gente tenha os investimentos necessários para manter essa população com proteção”, afirma Daniel de Souza.
O que faria Betinho numa hora dessas?
“Ele estaria fazendo o que nós estamos fazendo neste momento de mobilização e tudo isso. E estaria tratando de encontrar respostas e caminhos para esse conjunto da sociedade que está sendo atingido neste momento”, diz Maria.
Por: Gutemberg Stolze - Imprensananet.com