André Negão, vice-presidente do Corinthians, é levado para depor por policiais federais
A 26ª fase da Lava Jato, denominada de Operação Xepa, investiga propinas pagas em dinheiro pela Odebrecht dentro do Brasil e que envolve várias obras, que vão da Arena Corinthians à Petrobras. Os investigadores disseram ainda que não têm dúvida que o presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, participou ativamente das propinas.
Em entrevista coletiva, não foi dito porém quem recebeu a propina e o valor total envolvido.
Segundo a força-tarefa da Lava Jato, a partir do material apreendido na 23ª fase - Operação Acarajé -, que prendeu o marqueteiro do PT João Santana, foram descobertas planilhas de controle dos pagamentos de propina da Odebrecht. A empreiteira pagou pelo menos US$ 3 milhões em conta secreta do marqueteiro na Suíça.
Durante a entrevista coletiva, os promotores detalharam algumas das planilhas com os codinomes, valores, assim como os locais onde as propinas eram entregues. Foi dito que havia uma "contabilidade paralela".
Em seguida, Lima completou e disse que se trata da Arena Corinthians, estádio construído pela empreiteira e que foi usado para a Copa do Mundo de 2014.
"Em relação aos estádios da Copa, temos indicativos de outras fases, inclusive de delações que estão em andamento, a produção dos procedimentos. Nesta fase, foram identificados pagamentos a uma diretoria [da Odebrecht] que cuida especificamente da Arena Corinthians", afirmou. "Mas não temos clareza de toda a movimentação."
Uma das pessoas que tiveram que ir à Polícia Federal depor (coercitivo) foi André Luiz de Oliveira, conhecido como André Negão, primeiro vice-presidente do Coríntians desde 2015. Negão já trabalhou com jogo do bicho e prometeu, ano passado, a ser o primeiro presidente negro do clube.
Procurada pela reportagem, o Corinthians, via sua assessoria, ainda não tem um posicionamento oficial. Há um mês, o ex-presidente do clube e hoje deputado federal Andrés Sanches disse que via o Corinthians como alvo da Lava Jato. "Estão querendo incluir de qualquer jeito, por causa de minha amizade com o Lula. E eu quero que ponham. Quero que o estádio vá para Lava Jato. Investiguem. Me chamem e vou falar tudo", afirmou.
PARTICIPAÇÃO DE MARCELO ODEBRECHT
A procuradora da República Laura Tessler afirmou que as descobertas mostraram uma "estrutura profissional de pagamento de propinas na Odebrecht". Segundo ela, a participação de Marcelo Odebrecht, que está preso desde junho do ano passado, é clara.
"Há referências das iniciais de Marcelo Odebrecht, tanto de MPO quando de DP, diretor presidente. (...) além da referência existentes nessas tabelas, as anotações constantes de celulares também se compatibilizam com o que consta dessas tabelas".
Andrés Sanchez ao lado dos irmãos Paulo (direita) e Fernando Garcia (centro)
Como maior doador de campanha de Andrés lucrou milhões com o Corinthians
Uma cessão espontânea de direitos econômicos do volante Ralf ao empresário Fernando Garcia, feita em 2010 pelo então presidente corintiano Andrés Sanchez, se transformou em um negócio milionário. Lucrativo para o agente que foi o maior financiador da campanha de Andrés para deputado, com diversas doações feitas por duas empresas em que ele é sócio ao lado do irmão Paulo Garcia. Em contrapartida, um prejuízo de alguns milhões de reais para o clube.