Bombeiros trabalham na área onde um avião monomotor caiu em uma casa no bairro da Casa Verde, em São Paulo, na tarde deste sábado (19) (Foto: Marcio Ribeiro/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo)
Peritos da Aeronáutica estiveram novamente neste domingo (20) em região da Casa Verde, Zona Norte de São Paulo, em busca de vestígios e evidências que possam ajudar na investigação da queda de um monotor que matou 7 pessoas no sábado (19), entre eles o empresário Roger Agnelli e sua família, além do piloto.
A aeronave, modelo CA-9, de prefixo PR-ZRA, não tinha nenhuma caixa-preta, segundo a Força Aérea Brasileira. Por ser um monomotor e que é certificado como tipo "privada experimental" (voando em forma teste para verificação de critérios de segurança e operação), ele não precisava possuir o dispositivo de gravação de dados do voo e da voz da cabine.
Os investigadores coletaram no sábado no local da tragédia peças da aeronave que foram encontradas em meio aos destroços e irão dar pistas sobre as causas da tragédia. "A perícia encontrou um alto grau de destruição, um nível de destruição muito alto", afirma o coronel Madison Almeida do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa) 4, , órgão subordinado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que responde pela área de São Paulo.
Entre as supeitas para a causa do acidente está uma falha no motor ou um problema em relação às bombas de combustível. O piloto poderia, por exemplo, não ter ligado as bombas para bombeamento ao motor. Não há informações ainda sobre se o piloto alertou à torre do Campo de Marte após a decolagem que havia pane.
Evidências, testemunhos e imagens
Conforme a Aeronáutica, a ação inicial dos peritos incluiu coleta de evidências no local da queda do avião, que se chocou contra uma casa de 3 andares, além de testemunhos de pessoas que viram o monotor se aproximando e também a realização de fotos.
Os investigadores buscam imagens de câmeras de segurança de outras residências da área e também públicas que podem fornecer novos elementos e levar ao cálculo da velocidade e do percurso do monomotor após a decolagem.
Outro fator analisado pelos investigadores é o histórico do piloto Paulo Ricardo Simões, de 33 anos. Ele teria que ter uma habilitação específica para o modelo que era de Agnelli. A investigação também quer saber se o piloto reportou panes nos voos anteriores ou se a aeronave passou por alguma manutenção recente.
Os dados sdas caixas-pretas são importantes para a investigação, mas não essenciais. Foi o que ocorreu durante a apuração da morte do candidato à presidência Eduardo Campos (PSB), ocorrida na queda de um jato Cessna em Santos (SP) em 2014. Na ocasião, a caixa-preta da aeronave não estava funcionando e o relatório final do Centro de Investigação e Prevenção Aeronáuticos (Cenipa) apontou que erros dos pilotos levaram à tragédia.
A aeronave decolou às 15h20 da cabeceira 12 de Campo de Marte e seguia com destino ao Santos Dumont, no Rio de Janeirom caindo três minutos após a queda. O major Henguel, que coordenou a ação do Corpo de Bombeiros no resgate, afirmou que os corpos estavam "bem prejudicados e mutilados". "No local, a aeronave foi destroçada pelo choque e os corpos estavam multilados e queimados", disse ele. Foram recolhidos sete crânios no local.
Por Gutemberg Stolze - Imprensananet.com