Pela quantidade e intensidade de delações premiadas anunciadas para esses próximos dias (das empreiteiras), seria de se imaginar o fim imediato do lulopetismo, sas, o “jogo do poder” é muito complexo. Para as próximas horas, especula-se que o governo Dilma vai tentar reagir contra os ataques da Lava Jato. Nomeação do Lula para ministro, por exemplo, para tirá-lo da jurisdição do Moro? Entrega de quase todo o governo para o PMDB para evitar oimpeachment? Tudo é possível (é o poder que está em jogo).
A Lava Jato vai ampliar suas investigações para analisar os contratos e os contatos “perigosos” das empreiteiras nos governos Sarney, Collor e FHC? Até mesmo o pai de Marcelo (Emílio Odebrecht) seria favorável a “delatar tudo”, contra todos. A própria delação de Delcídio, dizem, teria ido muito mais fundo do que a IstoÉ noticiou. Resta ver.
Nossa opinião: a Lava Jato não veio para investigar este ou aquele corrupto, sim, a corrupção (como malefício que traz enormes prejuízos econômicos e sociais). Investigar todos e punir todos (consoante o Estado de Direito), na medida da culpabilidade de cada um.
É um movimento histórico contra-institucional, que deve aproveitar sua legitimidade popular e internacional para passar uma boa parte do País a limpo. Mas cuidado: Lava Jato não é lavar de qualquer jeito (tudo tem forma e modo previsto no Estado de Direito).
As delações dos executivos das empreiteiras Andrade Gutierrez, OAS e Odebrecht podem ser o tiro de misericórdia no governo lulopetista? Ao que tudo indica sim, mas vamos ver a sua reação nas próximas horas. Na política brasileira tudo é possível. Ninguém quer se afastar do poder. ACM dizia: o poder desgasta, fora do poder muito mais.
Uma coisa é certa: essas delações retratam uma desesperança dos empreiteiros com uma solução de compadrio (eles imaginavam que isso ocorreria no governo Dilma?).
A prisão dos poderosos, nos países que não permitem pena de morte, é o ato máximo de sujeição deles. Máxima subordinação. Para quem sempre aprendeu a mandar e desmandar, ficar trás das grades é uma grande submissão.
Um dos barões ladrões presos lá no princípio da Lava Jato, num ato de imbecilidade suprema, chegou a afirmar o seguinte: “O cara que apanha tanto já tá acostumado, mas é uma exposição pra gente e as famílias chegam aqui destruídas”, disse um vice-presidente da OAS.
A prisão, no Brasil, que sempre foi para quem “está acostumado a apanhar”, de repente começou a pegar também quem está acostumado a bater (física ou simbolicamente, como escreve Pierre Bourdieu).
O lulopetismo tratou Delcídio com absoluto desprezo (Lula chegou a dizer que ele era “imbecil”) e frustrou completamente as expectativas (surreais e absurdas) das empreiteiras (que gostariam de uma solução “institucional” para seus processos). A casa dos poderosos que sempre se julgaram impunes está caindo.
A maior revolução contra-institucional está em ação. Vai persistir ou tudo vai virar pizza com uma lei de anistia geral (como fizeram com a repatriação de recursos “aplicados” no exterior)?
*CAROS internautas que queiram nos honrar com a leitura deste artigo: sou do Movimento Contra a Corrupção Eleitoral (MCCE) e recrimino todos os políticos comprovadamente desonestos assim como sou radicalmente contra a corrupção cleptocrata de todos os agentes públicos (mancomunados com agentes privados) que já governaram ou que governam o País, roubando o dinheiro público. Todos os partidos e agentes inequivocamente envolvidos com a corrupção (PT, PMDB, PSDB, PP, PTB, DEM, Solidariedade, PSB etc.), além de ladrões, foram ou são fisiológicos (toma lá dá ca) eultraconservadores não do bem, sim, dos interesses das oligarquias bem posicionadas dentro da sociedade e do Estado. Mais: fraudam a confiançados tolos que cegamente confiam em corruptos e ainda imoralmente os defende.
Fonte: Jus Brasil
Por Gutemberg Stolze - Imprensananet.com